sábado, 18 de dezembro de 2010
carta testamento
Carta Testamento de Getúlio Vargas | |
gentileza de Luiz Felipe Menezes Silva Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas) |
cultura
Os primeiros imigrantes
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores. Vindos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área onde hoje está Porto Alegre, a capital do Estado. Praticando a agricultura de pequena propriedade, não encontraram, em um território em que cada estância funcionava como uma célula independente, mercado para seus produtos, e terminaram por se integrar à economia voltada para a pecuária.
Posteriormente, em 1780, um fato iria reforçar ainda mais o caráter rural da vida do atual Estado. Foi criada a primeira charqueada comercial em Pelotas. Aos poucos, o charque se tornou o principal produto de exportação do Rio Grande, sendo enviado para as demais regiões do país.
Essa situação começou a ser modificada no início do século XIX. A estrutura econômica do Brasil de então se baseava na exportação dos produtos agrícolas plantados em grandes propriedades por trabalhadores escravos. O Rio Grande fornecia o charque para esses trabalhadores, e também para os moradores pobres das grandes cidades. Mas, a partir da década de vinte do século passado, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem habilitação profissional, e pudessem oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Isto significa que o governo queria trazer pequenos produtores - para fornecer alimentos para as cidades - e artesãos.
A idéia, apoiada por alguns, era rejeitada pelos senhores de escravos, que temiam que os trabalhadores livres "fossem um mau exemplo", demonstrando que o trabalho pago produzia mais e melhor que o escravo. Moradores de regiões mais ao norte do país, os grandes senhores de escravos conseguiram impedir que os imigrantes fossem destinados às suas regiões. Por isto, o governo terminou por levá-los para o Rio Grande do Sul, que estava situado à margem do grande eixo econômico, no centro do país.
Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em glebas de terra situadas nas proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o perfil da economia do atual Estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora praticada. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio Grande. Pela primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho, e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora o poder político ainda fosse detido pelos grandes senhores das estâncias e charqueadas, o poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se consolidando.
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores. Vindos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área onde hoje está Porto Alegre, a capital do Estado. Praticando a agricultura de pequena propriedade, não encontraram, em um território em que cada estância funcionava como uma célula independente, mercado para seus produtos, e terminaram por se integrar à economia voltada para a pecuária.
Posteriormente, em 1780, um fato iria reforçar ainda mais o caráter rural da vida do atual Estado. Foi criada a primeira charqueada comercial em Pelotas. Aos poucos, o charque se tornou o principal produto de exportação do Rio Grande, sendo enviado para as demais regiões do país.
Essa situação começou a ser modificada no início do século XIX. A estrutura econômica do Brasil de então se baseava na exportação dos produtos agrícolas plantados em grandes propriedades por trabalhadores escravos. O Rio Grande fornecia o charque para esses trabalhadores, e também para os moradores pobres das grandes cidades. Mas, a partir da década de vinte do século passado, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem habilitação profissional, e pudessem oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Isto significa que o governo queria trazer pequenos produtores - para fornecer alimentos para as cidades - e artesãos.
A idéia, apoiada por alguns, era rejeitada pelos senhores de escravos, que temiam que os trabalhadores livres "fossem um mau exemplo", demonstrando que o trabalho pago produzia mais e melhor que o escravo. Moradores de regiões mais ao norte do país, os grandes senhores de escravos conseguiram impedir que os imigrantes fossem destinados às suas regiões. Por isto, o governo terminou por levá-los para o Rio Grande do Sul, que estava situado à margem do grande eixo econômico, no centro do país.
Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em glebas de terra situadas nas proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o perfil da economia do atual Estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora praticada. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio Grande. Pela primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho, e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande. Trouxeram a agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades, consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora o poder político ainda fosse detido pelos grandes senhores das estâncias e charqueadas, o poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se consolidando.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
"Homer simpson"
Dez frases de Homer Simpson, o pensador do século 21!
-> 10. Operador! Me dê o número do 911!
-> 9. Eu não sou normalmente alguém que ora, mas se você estiver aí em cima, por favor me salve Superman.
-> 8. Filho, quando você participa de eventos esportivos, não importa vencer ou perder: ÿ de quão bêbado você fica.
-> 7. [Encontrando Aliens] Por favor, não me comam! Eu tenho mulher e filhos. Comam eles!
-> 6. Lisa, vampiros são faz-de-conta, como elfos, gremlins e eskimós.
-> 5. Se algo está dando errado, culpe o cara que não fala inglês.
-> 4. Quando eu vejo os sorrisos nas faces das crianças, eu sei que elas estão aprontando alguma coisa.
-> 3. Eu não sou um cara mau! Eu trabalho duro e amo meus filhos.Então porquê eu deveria desperdiçar meio domingo ouvindo sobre como eu vou para o inferno?
-> 2. Pai você fez um monte de coisas maravilhosas, mas você é um cara muito velho, e gente muito velha é inútil.
-> 1. Bart, com $10.000 nós seremos milionários! Nós poderíamos comprar todo tipo de coisas úteis como…Amor!
-> 10. Operador! Me dê o número do 911!
-> 9. Eu não sou normalmente alguém que ora, mas se você estiver aí em cima, por favor me salve Superman.
-> 8. Filho, quando você participa de eventos esportivos, não importa vencer ou perder: ÿ de quão bêbado você fica.
-> 7. [Encontrando Aliens] Por favor, não me comam! Eu tenho mulher e filhos. Comam eles!
-> 6. Lisa, vampiros são faz-de-conta, como elfos, gremlins e eskimós.
-> 5. Se algo está dando errado, culpe o cara que não fala inglês.
-> 4. Quando eu vejo os sorrisos nas faces das crianças, eu sei que elas estão aprontando alguma coisa.
-> 3. Eu não sou um cara mau! Eu trabalho duro e amo meus filhos.Então porquê eu deveria desperdiçar meio domingo ouvindo sobre como eu vou para o inferno?
-> 2. Pai você fez um monte de coisas maravilhosas, mas você é um cara muito velho, e gente muito velha é inútil.
-> 1. Bart, com $10.000 nós seremos milionários! Nós poderíamos comprar todo tipo de coisas úteis como…Amor!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
VIDA DE MILICO
Vida de Caserna
Algacyr Costa
gentileza de Rogerio Antonio Teixeira
Foi lá por sessenta e três
Lembrarei pra sempre irmão,
Eu "bem louco pra servir"
Ser pracinha da nação
Aí seria mais homem
No pensamento de então.
Lá no "primeiro do vinte"
Cheguei de manhã bem cedo
Era em casa Passo Fundo
Hoje conto sem segredo
Fui chegando pro portão
Num alvoroço sem medo
Lá dentro se era escolhido
Quase que a ponta de dedo
Lindo toque da alvorada
O clarim me despertava
Depois de arrumar a camita
Para o rancho nós rumava.
Entrava em forma e na fila
Porque a ordem decretava
Cada um com seu copito
O desjejum preparava.
Nós chegamos de "a paisano"
Fica uns dias desse jeito
"Levamo" a primeira "tosa"
Todo mundo satisfeito
Fiquei com a "pinha" alumiando
Num cadete bem mal feito
Pois cabeça de milico
No quartel não impõe respeito.
Foi como um grande rodeio
Veio logo a apartação
Fui o "cento e trinta e três"
Do terceiro pelotão
E vieram me perguntando
Qual ofício ou profissão,
Burocrata ou diplomado
Ia logo pra seção.
Logo "aprendemo" a entrar em forma
Para a primeira instrução
De sentido e descansar
A segurar o mosquetão
A marchar enfileirado
Pelo pátio do esquadrão
Aquilo mais alinhado
Do que teta de leitão
Bem logo veio a faxina
Que nos mandou o capitão
Pra tirar grama das pedras
Com ferros de rasquiação
Uns "pintava" outros "lavava"
E todos tinham função
Na hora que tocou o rancho
Alegrou meu coração.
Vai uns "mês" pra "passar a pronto"
Sempre à baixo de instrução:
Desmonta metralhadora
Mexe em sabre e mosquetão
Tira serviço na guarda
-Cavalariça ou plantão
Nunca se dorme na hora
Nem fica sem munição
O índio que vem de fora
No quartel sempre se acerta
Sabe andar bem de a cavalo
De madrugada desperta
Tira serviço pros outros
Quando nos cobres se aperta
E se vai pra algum bochincho
Ninguém faz a descoberta
Já o rapaz da cidade
Dizem de papai é filho
É macio no caminhar
No olhar tem outro brilho
Sofre muito na instrução
Na marcha até perde o trilho
Anda pulando na cela
Pede socorro o lombilho
Boa vida tem compadre
No quartel o cassineiro
Não come o resto que sobra
Porque já comeu primeiro
Fica boleado de gordo
Que nem cusco de açougueiro
E coitado do milico
Que encrencar com o rancheiro
Tem cristão que acha bom
Lá é tudo padronizado
Desde o soldo até o arreio
Toda a roupa do soldado
Não tem rico não tem pobre
Fica tudo misturado
E o que é guapo vive bem
Encontra-se respeitado
Pra ser bom de ser soldado
É nunca se envaretar
Ser malandro e debochado
É melhor do que embrabar
"Levar tudo na esportiva"
É o jeito de driblar
Pois perde quem sai ganhando
Na hora que a parte entrar
É bom saber que lá dentro
O tratamento é sortido
Tem os bons, os mais ou menos
Os brabos, os provalecidos
Que se aproveitam do cargo
Para ser obedecido
Se o quera for retovado
Fica preso ou é detido.
Recordo o meu comandante
Dos sermões que ele pregava
Conselhos que não esqueço
Que todo mundo escutava
Falava as "vez" uma hora
E a gente só respirava
E qum não tinha preparo
No solaço desmaiava.
No esporte fui campeão
Pela seção de comando
Com o Osvaldo e o Dalpiva
O julio no meio armando
O pelé jogava sério
E o padeiro "mutreteando"
E eu petiço de arqueiro
A goleira ia fechando
Ganha bem pouco o milico
O soldo sai descontado
Paga o pito a roupa a folga
Vai pra algum baile enfeitado
Se encostar nalgum carinho
De a muito necessitado
Quando vem no outro dia
Os "pila" encurtou um bocado
Todo dia tem revista
E de tarde boletim
Todo mundo interessado
Escuta tim por tim tim
Pra ver se cai de serviço
Se escapar que bom pra mim
Quarta parte dá cadeia
Expulsão ou coisa assim
Foi em abril a prontidão
De uma "canha" precisava
E prenderam no portão
O goularte que levava
Três dias dobrei serviço
No alojamento cantava
Lembrando da namorada
Que lá fora me esperava
Fui soldado caprichoso
A mãe a farda engomava
Meus coturnos engraxados
A calça verde frisada
No bater uma continência
Até o boné se orgulhava
De ver um praça garboso
Que civismo transbordava!
Mas chegou o dito dia
Do tal de "pronto passar"
Todo o esquadrão em forma
Em frente dele marchar
No juramento sagrado
Uma vida pra lembrar
Ela hasteada soberana
Minha bandeira jurar
Ontem, hoje, juro sempre
Quando te ver tremular
Ou ao escutar nosso hino
A emoção me encilhar
Uma lágrima crioula
Em minha face rolar
É o patriotismo farrapo
Que está no sangue a pulsar.
Ponho minha mão no peito
Em cima do coração
Vejo no verde pampeano
Os campos do meu rincão
No amarelo, vejo ouro
No azul o céu deste chão
No branco paz e progresso
Simbolismo da nação.
Algacyr Costa
gentileza de Rogerio Antonio Teixeira
Foi lá por sessenta e três
Lembrarei pra sempre irmão,
Eu "bem louco pra servir"
Ser pracinha da nação
Aí seria mais homem
No pensamento de então.
Lá no "primeiro do vinte"
Cheguei de manhã bem cedo
Era em casa Passo Fundo
Hoje conto sem segredo
Fui chegando pro portão
Num alvoroço sem medo
Lá dentro se era escolhido
Quase que a ponta de dedo
Lindo toque da alvorada
O clarim me despertava
Depois de arrumar a camita
Para o rancho nós rumava.
Entrava em forma e na fila
Porque a ordem decretava
Cada um com seu copito
O desjejum preparava.
Nós chegamos de "a paisano"
Fica uns dias desse jeito
"Levamo" a primeira "tosa"
Todo mundo satisfeito
Fiquei com a "pinha" alumiando
Num cadete bem mal feito
Pois cabeça de milico
No quartel não impõe respeito.
Foi como um grande rodeio
Veio logo a apartação
Fui o "cento e trinta e três"
Do terceiro pelotão
E vieram me perguntando
Qual ofício ou profissão,
Burocrata ou diplomado
Ia logo pra seção.
Logo "aprendemo" a entrar em forma
Para a primeira instrução
De sentido e descansar
A segurar o mosquetão
A marchar enfileirado
Pelo pátio do esquadrão
Aquilo mais alinhado
Do que teta de leitão
Bem logo veio a faxina
Que nos mandou o capitão
Pra tirar grama das pedras
Com ferros de rasquiação
Uns "pintava" outros "lavava"
E todos tinham função
Na hora que tocou o rancho
Alegrou meu coração.
Vai uns "mês" pra "passar a pronto"
Sempre à baixo de instrução:
Desmonta metralhadora
Mexe em sabre e mosquetão
Tira serviço na guarda
-Cavalariça ou plantão
Nunca se dorme na hora
Nem fica sem munição
O índio que vem de fora
No quartel sempre se acerta
Sabe andar bem de a cavalo
De madrugada desperta
Tira serviço pros outros
Quando nos cobres se aperta
E se vai pra algum bochincho
Ninguém faz a descoberta
Já o rapaz da cidade
Dizem de papai é filho
É macio no caminhar
No olhar tem outro brilho
Sofre muito na instrução
Na marcha até perde o trilho
Anda pulando na cela
Pede socorro o lombilho
Boa vida tem compadre
No quartel o cassineiro
Não come o resto que sobra
Porque já comeu primeiro
Fica boleado de gordo
Que nem cusco de açougueiro
E coitado do milico
Que encrencar com o rancheiro
Tem cristão que acha bom
Lá é tudo padronizado
Desde o soldo até o arreio
Toda a roupa do soldado
Não tem rico não tem pobre
Fica tudo misturado
E o que é guapo vive bem
Encontra-se respeitado
Pra ser bom de ser soldado
É nunca se envaretar
Ser malandro e debochado
É melhor do que embrabar
"Levar tudo na esportiva"
É o jeito de driblar
Pois perde quem sai ganhando
Na hora que a parte entrar
É bom saber que lá dentro
O tratamento é sortido
Tem os bons, os mais ou menos
Os brabos, os provalecidos
Que se aproveitam do cargo
Para ser obedecido
Se o quera for retovado
Fica preso ou é detido.
Recordo o meu comandante
Dos sermões que ele pregava
Conselhos que não esqueço
Que todo mundo escutava
Falava as "vez" uma hora
E a gente só respirava
E qum não tinha preparo
No solaço desmaiava.
No esporte fui campeão
Pela seção de comando
Com o Osvaldo e o Dalpiva
O julio no meio armando
O pelé jogava sério
E o padeiro "mutreteando"
E eu petiço de arqueiro
A goleira ia fechando
Ganha bem pouco o milico
O soldo sai descontado
Paga o pito a roupa a folga
Vai pra algum baile enfeitado
Se encostar nalgum carinho
De a muito necessitado
Quando vem no outro dia
Os "pila" encurtou um bocado
Todo dia tem revista
E de tarde boletim
Todo mundo interessado
Escuta tim por tim tim
Pra ver se cai de serviço
Se escapar que bom pra mim
Quarta parte dá cadeia
Expulsão ou coisa assim
Foi em abril a prontidão
De uma "canha" precisava
E prenderam no portão
O goularte que levava
Três dias dobrei serviço
No alojamento cantava
Lembrando da namorada
Que lá fora me esperava
Fui soldado caprichoso
A mãe a farda engomava
Meus coturnos engraxados
A calça verde frisada
No bater uma continência
Até o boné se orgulhava
De ver um praça garboso
Que civismo transbordava!
Mas chegou o dito dia
Do tal de "pronto passar"
Todo o esquadrão em forma
Em frente dele marchar
No juramento sagrado
Uma vida pra lembrar
Ela hasteada soberana
Minha bandeira jurar
Ontem, hoje, juro sempre
Quando te ver tremular
Ou ao escutar nosso hino
A emoção me encilhar
Uma lágrima crioula
Em minha face rolar
É o patriotismo farrapo
Que está no sangue a pulsar.
Ponho minha mão no peito
Em cima do coração
Vejo no verde pampeano
Os campos do meu rincão
No amarelo, vejo ouro
No azul o céu deste chão
No branco paz e progresso
Simbolismo da nação.
coisas do sul.
Reza Chucra
Alcy Cheuiche
gentileza de Marcio Leão da Silva
extraído do livro Versos do Extremo Sul
Perdoe Virgem Maria
Por lhe tomar atenção,
Envolvendo um coração
Tão puro e tão adorado,
Nesta miséria qu'eu trago,
Que arrasto, é melhor que diga,
Por esta terra inimiga,
Onde nunca fui amado.
A Senhora bem se lembra
Que nem sempre foi assim...
Embora não fosse em mim
Que a fortuna tinha ninho,
Eu bem que tive carinho
E uma mulher cuidadosa
Que me deixava de jeito,
Um lenço branco no peito,
A bombacha bem limpinha,
Quando para a igreja eu vinha,
No tempo qu'eu fui feliz.
Agora olhe pra mim.
Veja esta roupa rasgada
Qu'eu carrego com vergonha.
Parece que a gente sonha,
Quando vê que não é nada
Prá dominar o seu vício
Quando eu morava no pago
As vezes tomava um trago
No mais prá molhá a garganta
E agora querida Santa,
Até virei cachaceiro,
Depois que bebo o primeiro
Não há nada que me pare.
E depois até que eu sare
Vem me subindo a cabeça
Toda essa vida passada
E o rosto da minha amada
Enxergo assim como em sonho...
Ó minha Nossa Senhora,
Escute ao menos agora
Um pedido que le faço.
Sei que a morte já me ronda
Pela porteira do rancho...
Até já vejo os caranchos
Rodeando em volta de mim.
Reconheço o meu pecado,
E quando tiver chegado
Lá na fronteira do céu
Vão me apontar outro rumo:
- Ovelha com mancha preta
Bota a marca na paleta
Que só serve prá o consumo. -
Prá mim não há mais remédio,
Não é prá mim o pedido.
Sou índio chucro vencido
Pelo vício aqui do povo.
Eu peço é pelo meu filho,
Que abandonei lá no pago
Quando a sina de índio vago
Me arrebatou da querência.
Proteja a sua inocência...
Não deixe que o coitadinho
Siga este duro caminho
Que está seguindo seu pai.
Que fique por toda a vida
Grudado naquele chão,
Que resista a tentação
Alcy Cheuiche
gentileza de Marcio Leão da Silva
extraído do livro Versos do Extremo Sul
Perdoe Virgem Maria
Por lhe tomar atenção,
Envolvendo um coração
Tão puro e tão adorado,
Nesta miséria qu'eu trago,
Que arrasto, é melhor que diga,
Por esta terra inimiga,
Onde nunca fui amado.
A Senhora bem se lembra
Que nem sempre foi assim...
Embora não fosse em mim
Que a fortuna tinha ninho,
Eu bem que tive carinho
E uma mulher cuidadosa
Que me deixava de jeito,
Um lenço branco no peito,
A bombacha bem limpinha,
Quando para a igreja eu vinha,
No tempo qu'eu fui feliz.
Agora olhe pra mim.
Veja esta roupa rasgada
Qu'eu carrego com vergonha.
Parece que a gente sonha,
Quando vê que não é nada
Prá dominar o seu vício
Quando eu morava no pago
As vezes tomava um trago
No mais prá molhá a garganta
E agora querida Santa,
Até virei cachaceiro,
Depois que bebo o primeiro
Não há nada que me pare.
E depois até que eu sare
Vem me subindo a cabeça
Toda essa vida passada
E o rosto da minha amada
Enxergo assim como em sonho...
Ó minha Nossa Senhora,
Escute ao menos agora
Um pedido que le faço.
Sei que a morte já me ronda
Pela porteira do rancho...
Até já vejo os caranchos
Rodeando em volta de mim.
Reconheço o meu pecado,
E quando tiver chegado
Lá na fronteira do céu
Vão me apontar outro rumo:
- Ovelha com mancha preta
Bota a marca na paleta
Que só serve prá o consumo. -
Prá mim não há mais remédio,
Não é prá mim o pedido.
Sou índio chucro vencido
Pelo vício aqui do povo.
Eu peço é pelo meu filho,
Que abandonei lá no pago
Quando a sina de índio vago
Me arrebatou da querência.
Proteja a sua inocência...
Não deixe que o coitadinho
Siga este duro caminho
Que está seguindo seu pai.
Que fique por toda a vida
Grudado naquele chão,
Que resista a tentação
Que não morra como guacho
Quando pará o coração.
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